Antes de tomar qualquer decisão de investimento, é essencial olhar além dos números brutos e entender o valor que realmente chega ao seu bolso.
A rentabilidade bruta mostra o retorno total antes de qualquer desconto. Quando um título de renda fixa exibe 10% ao ano, esse é o ganho sem considerar impostos e taxas.
Já a rentabilidade líquida reflete o montante efetivo que chega à conta do investidor. Ou seja, é o valor bruto diminuído de todos os custos financeiros envolvidos no processo.
Para calcular esse indicador, podemos usar as seguintes fórmulas:
Muitos investidores comparam apenas porcentagens brutas e acabam surpresos com o resultado no momento do resgate. Grandes números podem induzir a erro quando não consideram descontos obrigatórios.
Em um cenário de juros compostos, pequenas diferenças na taxa líquida impactam o saldo final de forma exponencial ao longo do tempo. É por isso que focar no retorno líquido é uma estratégia superior para evitar surpresas desagradáveis.
Para chegar ao valor líquido, identifique todos os custos aplicáveis no investimento:
Em seguida, aplique a alíquota de IR sobre o ganho bruto e subtraia o resultado do valor total.
Para ilustrar, vamos comparar dois investimentos de R$ 20.000 em 12 meses:
CDB Itaú: rentabilidade bruta de 10% a.a. Imposto de renda de 20% (prazo entre 181 e 360 dias). Assim, a rentabilidade líquida é:
10% × (1 – 0,20) = 8% a.a., resultando em ganho de R$ 1.600.
LCI: rentabilidade bruta de 7,8% a.a., isenta de IR. A rentabilidade líquida é igual à bruta, ou seja, 7,8% a.a., resultando em ganho de R$ 1.560.
Embora a taxa bruta do CDB seja maior, o desconto do IR reduz seu ganho real quase ao mesmo nível da LCI, que oferece isenção de imposto para pessoa física.
Ativos como LCIs e LCAs são atraentes justamente porque não sofrem desconto de IR para pessoa física. Nesse caso, rentabilidade bruta e líquida coincidem, simplificando a comparação.
Em contrapartida, títulos de crédito privado e fundos cobram taxas diversas que devem ser deduzidas do rendimento apresentado inicialmente.
Além da rentabilidade líquida, é importante avaliar a rentabilidade real, que desconta a inflação do período. Essa medida mostra o poder de compra extra obtido pelo investidor.
Rentabilidade Real = (1 + Rentabilidade Líquida) / (1 + Inflação) – 1
Por exemplo, se a rentabilidade líquida for 8% e a inflação do ano ficar em 4%, o ganho real será:
(1,08 / 1,04) – 1 ≈ 3,85%
Dessa forma, você identifica o ganho de poder de compra efetivo, fundamental para preservar o patrimônio no longo prazo.
Ao analisar oportunidades de investimento, foque sempre na rentabilidade líquida, pois ela representa o que realmente entra no seu bolso após impostos e taxas.
Evite o erro de comparar apenas percentuais brutos, pois eles podem apresentar uma realidade distorcida. Utilize fórmulas e exemplos práticos para validar suas escolhas e garanta uma visão clara do resultado final.
Lembre-se sempre de incluir a inflação na sua análise para entender o ganho real de cada alternativa. Dessa forma, suas decisões serão mais seguras e alinhadas com seus objetivos financeiros.
Compare, calcule e invista com consciência: só a rentabilidade líquida reflete seu ganho de verdade.
Referências