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Reinvista parte do lucro em inovação e estrutura

Reinvista parte do lucro em inovação e estrutura

18/08/2025 - 21:36
Giovanni Medeiros
Reinvista parte do lucro em inovação e estrutura

Em um cenário econômico desafiador, direcionar recursos não apenas para dividendos imediatos, mas para o futuro da empresa, pode ser a diferença entre estagnar e prosperar. Ao reinvestir parcela dos resultados em inovação e estrutura, as organizações brasileiras garantem competitividade, sustentabilidade e maior resiliência diante de mudanças.

Contextualização econômica

Para 2025, o Brasil projeta um crescimento do PIB entre 1,8% e 2,3%, com inflação próxima de 5% a 6%. O primeiro trimestre mostrou empresas elevando lucros líquidos ajustados em até 32% ano a ano, resultando em ROE máximos de até 30%. Ainda assim, apenas 51% superaram estimativas de mercado, enquanto 26% ficaram abaixo. Esses números revelam dupla urgência de segurança e ousadia: manter a saúde financeira e preparar o terreno para novos avanços.

Com receita anual de R$ 290,9 trilhões das companhias abertas, as oportunidades são enormes. Porém, volatilidade, concorrência acirrada e avanços tecnológicos obrigam gestores a olhar para dentro: dedicar parte estratégica dos lucros em iniciativas que garantam longevidade ao negócio.

Por que investir em inovação?

Empresas inovadoras não apenas atraem atenção do mercado, mas capturam novas fatias de público, consolidam sua marca e elevam margens. Setores que apostaram em projetos diferenciados viram margens brutas subirem até 4,9 pontos percentuais em 2025 e backlog de receitas crescer 62% ano a ano.

Para estruturar um setor de inovação eficaz, três pilares são indispensáveis:

  • Equipe multidisciplinar integrada de alto desempenho: profissionais de marketing, engenharia, TI, design e RH colaborando em sinergia.
  • Cultura organizacional que aceita riscos: ambiente favorável à experimentação, com hackathons, concursos de ideias e recompensas por projetos bem-sucedidos.
  • Ferramentas tecnológicas de gestão ágil: plataformas de inovação, inteligência artificial, big data e sistemas colaborativos que aceleram o ciclo de desenvolvimento.

Ao centralizar processos de inovação e quantificar seus impactos por meio de indicadores, a empresa ganha mais agilidade na tomada de decisão e maximiza o ROI de novos produtos, serviços e processos.

Estrutura organizacional: base para a inovação

Uma abordagem isolada pode resultar em projetos que ficam à margem das operações diárias. Por isso, é crucial alinhar a estrutura organizacional à estratégia de inovação, criando modelos flexíveis e times autogerenciáveis.

Os principais ganhos de uma estrutura sólida são:

  • Maior engajamento e retenção de talentos, impulsionado por autonomia e propósito.
  • Melhoria na comunicação interna, eliminando silos e promovendo colaboração entre áreas.
  • Capacidade de resposta rápida ao mercado, adaptando produtos e processos conforme feedback real.

Empresas com integração efetiva entre setores registraram aumento de até 20% na eficiência operacional, reduzindo desperdícios e tempo de entrega.

Definindo o percentual ideal de reinvestimento

Não existe fórmula universal, mas algumas diretrizes setoriais ajudam a balizar decisões:

Esses percentuais podem variar conforme porte, maturidade e modelo de negócio. O ideal é estabelecer metas anuais e monitorá-las via KPIs, ajustando o investimento conforme resultados.

Para algumas empresas, começar com 10% do lucro líquido e aumentar gradualmente, conforme maturidade dos processos de inovação, é uma estratégia segura e eficaz.

Mensuração de retorno e casos de sucesso

Mensurar o retorno é fundamental para comprovar a validade do investimento e atrair patrocínio interno. Indicadores comuns incluem:

  • ROI de projetos de inovação (receita incremental / custo do projeto).
  • Taxa de adoção de novas soluções por clientes internos e externos.
  • Tempo médio de desenvolvimento até o lançamento no mercado.

Uma grande companhia de telecomunicações brasileira, por exemplo, investiu 12% do lucro em um laboratório de IA e aumentou a precisão de roteirização em 35%, reduzindo custos operacionais e melhorando a experiência do usuário.

Outro caso é de uma indústria de autopeças que direcionou 10% dos ganhos para digitalização de linhas de produção, atingindo redução de 25% nos defeitos e acelerando entregas em 18%.

Estratégias práticas para começar hoje

Independentemente do porte, é possível dar os primeiros passos ainda este trimestre:

  • Lance programas internos de ideias com prêmios simbólicos e mentorias para propostas qualificadas.
  • Invista em treinamentos de metodologias ágeis e design thinking para líderes e colaboradores.
  • Adote uma plataforma simples de gestão de projetos de inovação, integrando feedback e métricas desde o início.
  • Garanta apoio da alta liderança, dedicando reuniões periódicas para revisar pipeline de iniciativas.

Essas ações iniciais criam um movimento orgânico, estimulando a cultura e estabelecendo processos básicos de governança de inovação.

Considerações finais

Reinvestir parte do lucro em inovação e estrutura não é um luxo, mas uma necessidade em um ambiente de negócios dinâmico e competitivo. Ao combinar visão estratégica de longo prazo com execução disciplinada, as empresas brasileiras podem transformar resultados positivos em bases sólidas para o futuro.

O caminho exige coragem para direcionar recursos próprios, mas recompensa com maior resiliência, produtividade e capilaridade no mercado. Comece hoje: defina percentuais, estabeleça indicadores claros e construa equipes alinhadas. Assim, sua empresa estará pronta para surfar a próxima onda de transformação global.

Giovanni Medeiros

Sobre o Autor: Giovanni Medeiros

Giovanni Medeiros