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Foque em resolver dores reais do público

Foque em resolver dores reais do público

18/07/2025 - 18:22
Robert Ruan
Foque em resolver dores reais do público

Em um cenário de profundo ceticismo e insegurança, a capacidade de conectar-se às principais preocupações da população tornou-se um fator decisivo para gerar relevância e confiança. A percepção de que as soluções atuais não atendem às demandas urgentes alimenta a descrença em projetos que não oferecem mudanças tangíveis. Considerando que 66% dos brasileiros acreditam que o país está no rumo errado, é imperativo entender quais são as dores reais e respondê-las com soluções concretas e transparentes, capazes de promover transformações efetivas no cotidiano das pessoas.

Diante desse contexto, empresas de diversos setores, gestores públicos e organizações da sociedade civil precisam adotar uma postura centrada no cidadão, baseada em dados e em metodologias de participação ativa. Somente assim será possível criar iniciativas que gerem impacto, aumentem a confiança e fortaleçam a legitimidade das ações. A seguir, exploraremos em detalhes as principais preocupações da população, as consequências de ignorá-las e as estratégias mais eficazes para diagnosticar e tratar essas dores.

Entendendo as maiores preocupações dos brasileiros em 2025

Dados da pesquisa AtlasIntel, realizada com 2.371 entrevistados em outubro de 2024, mostram que a corrupção figura como o principal problema para 54,8% da população, refletindo uma inquietação antiga e persistente. Logo atrás, 54,1% apontam a criminalidade e o tráfico de drogas como fatores que mais impactam seu sentimento de segurança, fruto de anos de aumento da violência urbana e de falhas no sistema de justiça.

A degradação ambiental e o aquecimento global aparecem para 31,9% dos entrevistados, demonstrando que questões ecológicas já conquistaram espaço relevante na agenda pública. Em seguida, temos pobreza, desemprego e desigualdade social preocupando 16,8% das pessoas, enquanto extremismo político e polarização são citados por 16,3%. Ao mesmo tempo, 15,4% sentem forte impacto da economia e da inflação, especialmente no aumento do custo de vida e no poder de compra das famílias. O enfraquecimento da democracia (15%) e o mau funcionamento da Justiça (14,7%) completam o quadro de desafios, indicando uma percepção generalizada de que as instituições não respondem adequadamente às demandas sociais.

Além dessa pesquisa, levantamentos do Ipsos (fevereiro de 2025) apontam que inflação, pobreza, desigualdade, crime e falta de acesso a serviços de saúde empatam em 38% como os temas que mais preocupam a sociedade. A carga tributária elevada e a percepção de falta de perspectiva futura também pressionam a opinião pública, alimentando uma crise de expectativas que se reflete em menor engajamento cívico e menor confiança em lideranças.

Consequências da inação diante das dores reais

Quando as instituições ignoram as demandas prioritárias, as repercussões vão muito além do descontentamento imediato. A falta de respostas efetivas aprofunda um sentimento de abandono e reforça a ideia de que nenhum agente está disposto a enfrentar problemas complexos que exigem compromisso de longo prazo. Esse cenário alimenta o desempoderamento coletivo e a descrença quanto à capacidade de transformação social.

  • Perda de confiança nas iniciativas públicas e privadas, gerando baixo apoio a novos projetos.
  • Aumento do ceticismo sobre a capacidade de transformação social, dificultando alianças estratégicas.
  • Desmotivação do engajamento cívico e queda na participação comunitária, ameaçando processos democráticos.
  • Risco de exacerbação de crises econômicas e sociais, caso medidas estruturais não sejam adotadas com urgência.

Essas consequências deixam claro que a urgência em atacar as verdadeiras dores do público vai além de métricas de curtíssimo prazo. Trata-se de sustentar um ciclo virtuoso de diálogo, ação e avaliação contínua, capaz de reconquistar a crença na capacidade de mudança e fortalecer vínculos de colaboração entre sociedade e instituições.

Abordagem estratégica para diagnosticar e atacar dores

Para construir soluções alinhadas aos anseios da população, é fundamental implementar um processo estruturado, que combine pesquisa quantitativa e qualitativa com ampla participação social. A seguir, apresentamos os principais passos para desenvolver essa abordagem:

  • Realizar diagnósticos regulares com participação direta do público, incluindo assembleias de bairro, painéis de cidadãos e grupos focais para entender necessidades locais.
  • Monitorar pesquisas de opinião confiáveis, como AtlasIntel e Ipsos, para validar hipóteses de trabalho e mapear mudanças de percepção ao longo do tempo.
  • Implementar métodos ágeis de avaliação dos resultados, como indicadores de desempenho e relatórios semestrais, facilitando ajustes de rota rápidos.
  • Coletar feedback contínuo por meio de enquetes online, aplicativos de participação e canais de atendimento, assegurando comunicação bidirecional.
  • Investir em plataformas analíticas para cruzar dados demográficos, socioeconômicos e ambientais, gerando impacto social mensurável e duradouro.

Esse ciclo de diagnóstico, ação e mensuração transforma iniciativas pontuais em projetos de longo prazo, capazes de se adaptar às mudanças de cenário e manter a relevância junto ao público.

Exemplos de iniciativas bem-sucedidas

No setor público, programas de policiamento comunitário que envolvem líderes locais e moradores em reuniões mensais reduziram índices de criminalidade em até 20% em áreas-piloto, segundo levantamento do Ministério da Justiça. O modelo de gestão colaborativa de segurança foi replicado em diferentes regiões, mostrando que a articulação entre poder público e comunidade gera resultados sólidos.

No segmento privado, startups de tecnologia voltadas ao monitoramento de qualidade do ar em grandes centros urbanos criaram redes de sensores que fornecem dados em tempo real à população e às autoridades. Essas soluções, além de fortalecerem reputação, resultaram em parcerias estratégicas com prefeituras, demonstrando o valor de atuar em causas ambientais prioritárias.

No terceiro setor, organizações sociais que desenvolveram programas de microcrédito e capacitação profissional para populações vulneráveis registraram aumento de até 30% na renda média familiar, conforme relatório de uma ONG parceira do Banco Mundial. Essas ações mostram que investir em transparência e prestação de contas e em acompanhamento personalizado traz benefícios imediatos e sustentáveis.

Tabela comparativa de prioridades

Ferramentas práticas para ouvir e mensurar resultados

Para garantir aderência contínua às expectativas, adote ferramentas que viabilizem coleta e análise de dados de forma ágil e transparente:

  • Plataformas de pesquisa online com painéis dinâmicos, permitindo atualização constante conforme novas demandas surgem.
  • Sistemas de relatórios interativos que ofereçam dashboards em tempo real, facilitando a visualização de tendências e indicadores-chave.
  • Mecanismos de feedback pós-implementação, como enquetes e entrevistas qualitativas, para avaliar satisfação e captar sugestões de melhoria.
  • Mapeamento de redes sociais e análise de sentimento para identificar temas emergentes e responder de maneira proativa.

Esses instrumentos desenvolvem uma cultura de credibilidade mútua com os diversos públicos, fundamental para manter o engajamento e demonstrar responsabilidade social.

Oportunidades de inovação e construção de confiança

Investir em iniciativas que enfrentam diretamente problemas como segurança, desigualdade e inflação representa uma oportunidade única de inovar e gerar valor compartilhado. Tecnologias como inteligência artificial, big data e soluções de economia circular podem ser aplicadas para criar serviços mais eficientes e inclusivos.

Além disso, incorporar práticas de governança participativa — com conselhos consultivos, auditorias cidadãs e relatórios de progresso públicos — reforça o compromisso com a transparência e prestação de contas e engaja diferentes segmentos da sociedade em torno de objetivos comuns.

Ao colocar as dores reais do público no centro das estratégias, você não apenas atende expectativas pontuais, mas constrói bases sólidas para a transformação social efetiva e duradoura. A partir de diagnósticos precisos, ações planejadas e avaliação rigorosa, é possível gerar impacto tangível e reconquistar a confiança de uma população cada vez mais exigente.

Foque em resolver as principais preocupações e você criará valor genuíno, estabelecendo um legado de inovação e responsabilidade em qualquer iniciativa.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

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